Planejamento Urbano e Permeabilidade do Solo

A cultura do cimento e do concreto

A falta de planejamento urbano e o crescimento desordenado das cidades trouxeram impactos altamente negativos para as grandes cidades do Brasil, um deles causado pela ampla impermeabilização do solo: as enchentes.

A cena já é conhecida mas ainda assim choca: ruas alagadas, casas cheias de água, carros nos meio da enchente, caos na cidade, vidas perdidas.

Na natureza tudo é simples e perfeito: a água da chuva penetra o solo e vai para o lençol freático, deixa a terra saudável e volta para os lagos, rios e mares; mesmo sabendo disso o homem foi na contramão dessa sabedoria, investiu no asfaltamento das ruas, na concretagem das calçadas e das áreas internas de casas e prédios causando uma impermeabilização desenfreada do solo. As águas das chuvas que, intensas, principalmente durante o verão, não podem seguir seu curso natural e não conseguem ser absorvidas totalmente pelas galerias subterrâneas, não tem outra saída a não ser invadir a cidade.

O problema é grave e as prefeituras têm investido muito no seu enfrentamento, buscando soluções em obras como piscinões, canalização e desassoreamento de rios e córregos, e também através de leis como a da taxa da permeabilidade e a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais.

 

Taxa de Permeabilidade

Taxa de Permeabilidade é a relação entre a parte permeável, que permite a infiltração de água no solo, livre de qualquer edificação, e a área do lote.

Criada na tentativa de minimizar esse grave problema urbano esse índice pode variar entre 15% a 30% da área do terreno, dependendo da lei municipal vigente.

Além de respeitar as leis os incorporadores e construtores têm que buscar cada vez mais alternativas para que a taxa de permeabilidade de nossa cidade aumente, listamos algumas boas práticas sustentáveis que influenciam positivamente no combate às enchentes:

  • Telhados Verdes

A vegetação instalada nos telhadas retém a água de chuva diminuindo a   sua quantidade no sistema público de drenagem, promove a biodiversidade no local e ajuda a diminuir a ilha de calor na cidade.

  • Pisos permeáveis

Pisos drenantes que impedem o acúmulo de água da chuva, permitindo que que ela escoe pelos poros até o lençol freático.

  • Mais áreas verdes nas cidades

Parques, praças, hortas comunitárias, calçadas verdes, tudo tá valendo, até um pequeno canteiro, onde a água da chuva possa seguir seu curso natural.

O MIT – Massachusetts Institute of Technology desenvolveu um projeto de pesquisa sobre criação de áreas úmidas e lagos de águas pluviais urbanas multifuncionais que integram o controle e limpeza destas águas com benefícios ecológicos e recreativos, uma excelente estratégia para gerenciar o fluxo de águas pluviais das cidades e criar qualidade de vida para a população. O relatório está disponível gratuitamente no link: http://lcau.mit.edu/project/strategies-urban-stormwater-wetlands.

Estamos entrando agora na época de seca, um bom período para planejarmos e executarmos ações que evitem as enchentes nas próximas estações de chuvas, afinal todos queremos uma cidade que gere bem estar e qualidade de vida.

No nosso próximo blog falaremos sobre a lei que obriga a construção de cisternas para captação e armazenamento da água da chuva, que pode ser descartada após o período de chuva ou melhor ainda reaproveitada para usos não potáveis.

Mas lembrem-se, soluções técnicas funcionam e trazem benefícios se houver manutenção por parte do setor público e a população também fizer a sua parte!

E parafraseando a música, que as águas de março que fecham o verão tragam uma vida muito melhor nas próximas estações.

Silvana Pinheiro

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