O uso de materiais ambientalmente preferíveis é uma das soluções a se adotar na construção de um edifício sustentável.
Seu uso pode trazer muitos benefícios, tais como a preservação do meio ambiente, redução de desperdícios e otimização dos processos. Para entender melhor como isso se dá, é necessário compreender como identificar um material sustentável e alguns de seus critérios.
Uma maneira segura de se verificar se um material é realmente sustentável é através do uso de selos ecológicos atestados por terceira parte. Estes selos possuem o objetivo de chancelar a sustentabilidade do produto e de incentivar o uso de materiais que agridam menos o meio ambiente. São considerados de “terceira parte” pois as informações ambientais do produto são analisadas por partes independentes, que não possuem interesse em sua comercialização. Os critérios com relação a este tipo de rotulagem estão descritos na série de normas ISO 14000. Entre suas definições, estão os tipos de rótulos, que podem ser três:
– Rótulos tipo 1: Rótulos ambientais certificados – NBR ISO 14024
– Rótulos tipo 2: Autodeclarações – NBR ISO 14021
– Rótulos tipo 3: Declarações ambientais do produto (EPDs) – NBR ISO 14025
Dentre eles, os considerados de terceira parte são a do Tipo 1. Como exemplo de selo existente, podemos citar o rótulo ecológico da ABNT, membro do GEN (Global Ecolabelling Network), que é uma instituição internacional sem fins lucrativos criada para melhorar, promover e desenvolver rótulos ecológicos de produtos e serviços. Esta certificação leva em consideração o ciclo de vida do produto. Seu conceito define que um material possui diversas etapas durante a sua vida, que pode vir desde a extração de sua matéria prima até o seu descarte final. Dentre estas etapas é possível que haja o processamento da matéria prima, sua manufatura, transporte, uso e instalação. Sua análise completa é de extrema importância já que a verificação de somente uma de suas etapas pode acabar resultando em uma classificação incorreta do material. Imagine, por exemplo, que exista um material que cause um impacto ambiental relevante na sua etapa de extração e descarte, mas que, apesar disso, possua um processo de manufatura que emita poucos resíduos poluentes. Ao se avaliar somente a etapa de manufatura, pode-se presumir que o material é de pouco impacto ambiental, porém esta classificação estaria incorreta já que a situação se apresenta diferente ao se analisar também as outras etapas do seu ciclo de vida.
No caso deste selo em específico, são seguidas as disposições das normas ISO 14020:2002 – “Rótulos e declarações ambientais – Princípios Gerais” e ISO 14024: 2004 – “Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem ambiental tipo 1 – Princípios e procedimentos”.
Portanto, ao fazer uso de um material que siga estes princípios, está se optando pelo uso de produtos que foram pensados de maneira que, da sua fase inicial à final, haja, entre outros fatores, o melhor aproveitamento dos recursos empregados, menor desperdício, menor impacto ao meio ambiente. Isso acaba por produzir um produto de qualidade diferenciada, o que, por sua vez, contribui com a própria qualidade da obra.
Priorize materiais deste tipo como forma de auxiliar na redução de impactos negativos na construção!
Rafael Becerra
Bibliografia
https://www.globalecolabelling.net/gen-members/gen-full-members-list/
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1255
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=2658
BLUMENSCHEIN, R. N; MILLER, K. B. Análise de Ciclo de Vida: Conceitos e função. Fórum Governamental de Responsabilidade Social. http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/apresentacoes/3.pdf
BARBATO, M. A.; BLATT, C. R. A responsabilidade ambiental das empresas através da rotulagem de produtos. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2004. https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos04/215_ArtigoRotulagemAmbiental[2].doc.
GONÇALVES, Patrícia. Rotulagem ambiental. Artigo, 2010
https://rumoaqualidade.files.wordpress.com/2010/06/rotulagem-ambiental.pdf
